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Foto do escritorTHAYSA FERREIRA DE ALMEIDA

Você aprendeu a ler com a Turma da Mônica?


Você aprendeu a ler com a Turma da Mônica?

É verdade que os gibis de Mauricio de Sousa alfabetizaram milhares de pessoas ao longo dos anos?

Talvez você já tenha ouvido falar de alguém que aprendeu a ler com como HQs da Turma da Mônica ou conheça alguém ou até seja uma das pessoas que aprendeu a ler com esses quadrinhos.

Em suas palestras, Mauricio de Sousa costuma questionar para a plateia: “Quem aprendeu a ler com os gibis da Mônica?”. Em resposta recebe uma multidão com braços levantados.
Mas isso é possível?


Sim, é possível aprender a ler e escrever com os gibis da Turma da Mônica ou com outras HQs. É mais comum ocorrer com a criação de Maurício de Sousa, por conta da grande quantidade de vendas e o alcance que sua obra teve em várias décadas. Por conta disso, mais gente teve acesso aos quadrinhos do Maurício e assim, mais gente conseguiu aprender com eles.
A leitura de quadrinhos é simples e ao mesmo tempo complexa. Eu explico: é simples porque há uma relação humana com as imagens. As imagens são anteriores à escrita e isso se mantém presente no nosso conhecimento. É o famoso “entendeu ou quer que desenhe?”. Então, se você não entendeu, com desenhos certamente entendeu.

Essa relação com as imagens para contar histórias vem desde as pinturas rupestres, feitas pelos chamados “homens das cavernas”. Ler com imagens é mais fácil e prazeroso.

Arte Ruprestre no Piauí.
Por outro lado, também é uma leitura mais complexa, já que HQs envolvem imagens e textos, e a leitura completa exige a compreensão de ambos. Além disso, nos gibis, o espaço em branco entre um quadrinho e outro também possui história. Esse espaço entre quadrinhos é preenchido pela imaginação de quem lê e exige o esforço de continuar a história, como se ela não tivesse sido interrompida por aquela canaleta.
Tem mais! Gibi possui onomatopeias (pow, soc, buuum!), movimentos, diferentes tempos simultâneos (passado, presente e futuro podem estar no mesmo quadro), núcleos e ausência de núcleos com significados específicos, entre tantos outros recursos artísticos que buscam uma leitura criteriosa e que conecte todos os elementos.
Então, ler quadrinhos é fácil e difícil, entendeu?
Mas e quem aprendeu a ler com gibis? Pois bem, essa familiaridade com a leitura de imagens, somada aos núcleos e ao formato simpático das revistinhas, cai como uma luva para que as crianças leiam, primeiro, os desenhos. Isso já é leitura! Ainda não é a leitura alfabética, mas é leitura.
Como nosso alfabeto é, também, formado por símbolos, esses vão começando a fazer parte do cotidiano desses leitores (de desenhos), e somados aos diversos estímulos educacionais, incluindo o auxílio de mães e pais e também a escola, leva à leitura alfabética (e também à escrita).
Isso quer dizer que os gibis podem ter parte importante nesse processo, mas não são exclusivos. Funcionam como poderosos estímulos a um processo que é mais profundo e abrangente.
No passado, a leitura de gibis era vista como “inferior” e menos produtiva. Mesmo assim não faltam exemplos de adultos que foram alfabetizados com a Turma da Mônica.
Por saber desse potencial para os estudantes, muitas educadoras e educadores já fazem uso de HQs nas suas práticas educativas, incluindo o processo de alfabetização.
Então, obrigado professoras e professores.
E obrigado, Mauricio de Sousa.
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