top of page
Comitê.jpeg

O Comitê Nacional de Quadrinhos (CNQ), surgiu em 2022 em meio a campanha eleitoral. Trabalhadores e trabalhadoras dos Quadrinhos: pesquisadores, desenhistas, roteiristas, coloristas, editores, revisores, tradutores, distribuidores e vendedores, todos e todas unidos em apoio ao projeto que representava o caminho de melhoria para um cenário desolador.

O CNQ permanece em luta pela categoria e por toda a estrutura que envolve os gibis no Brasil. Realizamos reuniões periódicas em grupos de trabalhos e no grupo geral. Atualmente a estrutura do Comitê é formada pelo Grupo de Educação e Pesquisa, grupo de Mercado, grupo de Comunicação e grupo de Autores e Autoras.


Foram criadas 13 propostas de avanços para o setor:

Criação de Escolas de Quadrinhos para formação de profissionais da área e oferta de formação aos educadores e educadoras;

Ampliação da presença das HQs nas escolas através de incentivos e maior presença de quadrinhos no PNBE e PNLD;

Criação da Agência Nacional de Quadrinhos (ANQ) para impulsionar o mercado aos moldes da Ancine e abertura de editais vinculados à agência, assim como acontecia com o setor de audiovisual;

Criação da Feira Nacional de Quadrinhos, evento itinerante que abra espaço de negócios, exposições, debates e formação e incentivo à participação de artistas brasileiros em eventos internacionais;

Criação do Conselho Nacional de Quadrinhos, formado por membros de cada estado da federação e membros do mercado eleitos pela categoria, atuando na criação de ações e avaliando as políticas existentes de maneira institucional;

Priorizar o financiamento das bibliotecas de acesso público e garantir a presença de, no mínimo, uma biblioteca pública para cada município brasileiro, garantir que todos os reclusos em estabelecimentos prisionais tenham acesso à biblioteca, direito garantido por lei, oferecendo também histórias em quadrinhos, além de realizar campanhas publicitárias permanentes de incentivo à leitura que promovam o uso de bibliotecas e gibitecas, por todos os meios de comunicação social;

Priorizar a aquisição de quadrinhos locais para a composição do acervo da biblioteca, estabelecendo seção específica para quadrinhos, gibiteca, em todas as bibliotecas públicas que não sejam especializadas e em bibliotecas escolares;

Incluir no cadastro de Micro Empreendedor Individual (MEI) as profissões e atuações de quadrinistas (como desenhista, roteirista, colorista e outras) e incentivar a geração de trabalho formal na área;

Regulamentar a Lei nº 10.994/2004, que institui o depósito legal, garantindo que toda a produção bibliográfica do País possa ser preservada para a posteridade e criar uma gibiteca nacional fomentada pelo depósito legal de quadrinhos;

Criar repositório digital para depósito legal de e-books, incluindo quadrinhos digitais, e preservação da nossa produção cultural;

11

Criar o Museu Nacional de Quadrinhos e Artes Gráficas;

12

Utilizar as gibitecas como uma atração em especial, reconhecer e disseminar a importância dos quadrinhos como mídia de fácil adesão, formadora de leitores e atrativa para todas as idades;

13

Criar incentivo financeiro para livreiros, proprietários de lojas especializadas de quadrinhos e bancas, para manutenção desses espaços de extrema importância para o mercado e para que novos empreendimentos no setor sejam criados.
L_DE_LULA_FESOARES.png

Mercado

Há uma expansão do mercado de quadrinhos no mundo. Impulsionados pelas adaptações ao cinema e por incentivos de leitura, as HQs se apresentam como a preferência de leitura entre os jovens. Na França, por exemplo, os beneficiários do CulturePass, programa de incentivo cultural, gastaram 75% dos recursos com livros, sendo os quadrinhos a principal opção.No Brasil, sentimos as agruras de um governo que odeia a cultura e a educação. Muitas livrarias fechadas, bancas quase em extinção e o livro sendo referenciado como artigo de luxo. Mas a expansão percebida no restante do mundo também está presente no nosso país, mesmo que de forma tímida. O interesse pela leitura e pela produção de quadrinhos permanece presente nos eventos que reúnem centenas de milhares de pessoas todo ano e, após o período de distanciamento, retomam com públicos maiores. A Comic Con Experience (CCXP), evento privado, espera receber 300 mil pessoas nos 4 dias de sua edição de retomada, em dezembro de 2022. O Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) lotou o Minas Centro em Belo Horizonte e se reafirmou sua posição de um dos maiores eventos de quadrinhos da América Latina. Além de inúmeros eventos de pequeno e médio porte, realizados por produtores independentes, que mesmo com muitas dificuldades estruturais e financeiras, reúnem milhares de pessoas e são feitos pela persistência dos seus realizadores. O mercado brasileiro de quadrinhos possui enorme potencial e está ligado diretamente ao crescimento de outros setores e do desenvolvimento cultural e educacional.

Os Quadrinhos e a Economia Criativa

A economia criativa reúne negócios e gestão desenvolvidos através de conhecimento, criatividade e capital intelectual. As HQs estão inseridas neste setor econômico de forma central.

 

Há tempos que a produção de quadrinhos movimenta essa fatia da economia. Criar gibis, cartilhas, roteiros ou HQs digitais envolve trabalho artístico criativo que é cada vez mais conduzido por softwares de desenho, edição, colorização e, posteriormente, envolvem plataformas digitais, gráficas, empresas de logística e setores de vendas.

Games, cinema, animação, TV, rádio, artes cênicas, propaganda, entretenimento, design e outras, contemplam sua estrutura de criação, a narrativa e a sequência! A dinâmica de tempo, começo-meio-fim, transições e modos de contar histórias, tudo depende de narrativa e sequência. Não à toa, em cursos de cinema e games existem estudos de quadrinhos. Quem faz Quadrinhos, naturalmente domina as narrativas visuais e se apresenta capaz de fazer todo o restante.

 

Ao investirmos em quadrinhos e quadrinistas, desde sua formação, incentivamos uma cadeia produtiva extremamente conectada e crescente.

Educação e Quadrinhos

As HQs fazem parte da Escola! Antes os quadrinhos eram vistos com desconfiança e eram recusados por educadores e pais. Conseguimos quebrar a maioria das barreiras para que os gibis fossem considerados aliados da educação.

 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), apresenta os quadrinhos como linguagem, ferramenta e meio para as práticas educativas. Isso já havia sido proposto com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997/98) e as HQs vêm sendo usadas em livros didáticos, provas e exames e em diversas dinâmicas do cotidiano educacional.

O uso de quadrinhos na educação pode propor e reforçar a leitura desde a alfabetização, ampliar a relação com a arte, estimular o aprendizado dos componentes de ciências humanas, como história e filosofia, criar ambiente leve e divertido para discussão de direitos humanos, cultura de paz e tolerância, incentivar a criatividade e trazer outras inúmeras contribuições. Isso é proposto por muitos pesquisadores que estudam as HQs. Nos registros da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), há 414 registros de trabalhos realizados entre 2017 e 2022. Nos registros de anos anteriores, há mais de 1.200 trabalhos.

 

A presença dos quadrinhos nas pesquisas acadêmicas, além de reforçar sua importância cultural, traz possibilidades comprovadas de êxito na relação entre HQs e escolas.

 

Mas os quadrinhos ainda chegam pouco às salas de aula. Muitas escolas não possuem biblioteca e muitas das que possuem não têm acervo de quadrinhos. Educadores e educadoras recebem pouco, ou nenhum incentivo para inovar em suas aulas e não são oferecidas formações para o uso de HQs no ensino.

 

É possível ampliar a presença dos gibis nas escolas e, com isso, proporcionar resultados significativos na educação com consequências na cultura e economia.

Gibitecas e Bibliotecas

As gibitecas são espaços que propõem encontros, cursos e discussões, incentivam a leitura e estimulam novos profissionais de quadrinhos. Podem funcionar tanto como uma biblioteca especializada em quadrinhos, quanto como um setor de quadrinhos pertencente a uma biblioteca maior. Para muitos brasileiros, é a única forma de ter acesso aos quadrinhos.

 

Exemplos de sucesso em suas funções, as gibitecas de Curitiba (PR), de Santos (SP) e a Gibiteca Henfil (PB) estão em plena atividade. Nelas há debates, formação, eventos educativos e gibis, muitos gibis. Ambas são equipamentos públicos, apoiadas em seu funcionamento pelo Estado, que nesse caso reconhece a importância desses espaços, apesar de termos pouquíssimas gibitecas no país.

 

Existem ainda as bibliotecas com quadrinhos esporádicos, que possuem HQs no acervo, mas sem compromisso com atualização ou qualquer política de aquisição das mesmas.

 

Em 2022, o Conselho Federal de Biblioteconomia publicou uma carta aberta em que expõe diversas urgências atuais para se melhorar no novo governo. O advento da Constituição Federal de 1988 assegura o pleno acesso à informação (art. 5º, XIV, e art. 220), síntese dos direitos humanos no processo de efetivação da cidadania, assim como o desfrute do patrimônio cultural (art. 216-217), salvaguardando e disseminando com presteza as fontes de nossa cultura. Apesar disso, vivemos em uma realidade que, segundo o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), entre 2015 e 2020, o Brasil perdeu duas bibliotecas a cada cinco dias. Um fruto do abandono de políticas públicas, da precarização orgânica das instituições públicas responsáveis pelas bibliotecas e de negligência normativa. Hoje, o SNBP se encontra incapacitado de cumprir sua missão de integrar as mais de cinco mil bibliotecas públicas que restam espalhadas pelo país.

 

Precisamos corrigir o percurso, celebrar o valor das bibliotecas e utilizar os quadrinhos em prol da diversidade cultural, formação de leitores e da retomada desses espaços que se encontram precários entre as mais diversas comunidades.

Editais de Quadrinhos

Uma forma importante de participação do Estado na produção de quadrinhos tem sido a abertura de editais de incentivo. É o caso do Programa de Ação Cultural (PROAC -SP) ou o edital do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura ( FUNCULTURA - PE). Assim como em outros editais, nesses existem linhas que se aplicam aos quadrinhos, ou seja, uma minúscula fatia de recursos do montante total é destinada à produção de HQs.

Esse modelo cria uma disputa por poucos recursos e não contempla a capacidade produtiva presente em todo país. Como já defendemos neste documento, há um mercado em crescimento, as HQs possuem importante papel na economia criativa e têm resultados positivos para a educação e cultura, portanto merecem reconhecimento através da abertura de possibilidades maiores para sua produção, divulgação e distribuição.

 

É preciso compreender igualmente a importância de eventos de HQs que tenham incentivo público, como o FIQ e a Bienal de Quadrinhos de Curitiba, que direta ou indiretamente, contam com apoio reduzido e ainda assim são modelos para o setor. Por sua importância nesse cenário de potencialidades, deveria existir apoio para realização de eventos em todo o Brasil, reforçando a presença das HQs, formando leitores, ampliando vendas e fazendo circular toda a linha envolvida.

lula-quadrinhos-ricardostuckert-08.jpg

Carta de Apoio ao Presidente Lula
Outubro de 2022

Presidente Lula,

 

Somos profissionais do mercado de quadrinhos brasileiro e, através deste documento, reforçamos nosso apoio à sua candidatura à presidência.

 

Os signatários deste texto são eleitores e eleitoras que estão atuando em sua campanha, com arte, poesia, coragem e esperança.

 

As Histórias em Quadrinhos fazem parte da história do Brasil. Ajudaram a espalhar as ideias abolicionistas e republicanas através de Angelo Agostini, participaram da resistência à ditadura com Henfil e Laerte, alcançaram os quatro cantos do país com Mauricio de Sousa e Ziraldo e encantam o mundo com Marcelo Quintanilha e Marcelo D´Salete.

 

Os gibis estão no cotidiano das pessoas, sempre levando entretenimento e educação. Assim, participaram da alfabetização de milhares de brasileiros e ensinaram inúmeros temas de maneira divertida.

 

Recentemente, um gibi contou aos brasileiros a história de sua luta contra a injustiça na obra “Lula: da perseguição à esperança renovada”.

Somos muitos trabalhadores e trabalhadoras da área dos quadrinhos: desenhistas, roteiristas, coloristas, mas também quem edita, revisa, traduz, distribui e vende gibi em bancas, livrarias e lojas especializadas.

 

Acreditamos e defendemos que as Histórias em Quadrinhos podem ir além! Neste documento, apresentamos alguns dados e propostas que, certos de sua vitória, pedimos que sejam considerados em seu futuro governo.

bottom of page